terça-feira, 27 de maio de 2008

Mitologia 16: Hera


Hera (Hêra), chamada Hêrê pelos jônios, era a esposa “legítima” de Zeus, embora Hesíodo a considerasse como sua sétima esposa. Filha de Kronos e Rheia, tinha como animais consagrados a vaca, o cuco e o pavão. Era a protetora dos casamentos e dos nascimentos. Sua origem deve remontar aos tempos anteriores à chegada dos gregos, quando era uma grande deusa-mãe de características tanto celestes como telúricas.

A grande deusa celeste era uma esposa ciumenta, e perseguia muitos dos filhos bastardos de Zeus. É a grande vilã nas lendas de Herácles, Apolo, Dionísio e Io. Já na história dos Argonautas, é ela a protetora de Jasão, o líder da expedição. Hera era muito cultuada na cidade de Argos, onde era conhecida como Hera Boópis, “a de olhos de vaca”. Ganhou a soberania desta cidade numa disputa com Possídon.

Zeus, seu irmão gêmeo, utilizou um estratagema mágico para seduzí-la, transformando-se num cuco, e aninhando-se ao peito dela. A sua união teria se dado no Jardim das Hespérides. Deste casamento nasceram Ares (o deus da guerra), Ilícia (a deusa do nascimento) e Hebe (a deusa da juventude e copeira dos deuses). Por vingança teria sozinha gerado Hefesto. Suas filhas eram divindades secundárias e não faziam parte do Panteão Clássico. Talvez num período mais arcaico tenham feito parte do círculo principal. Hebe tornou-se a esposa de Héracles quando este foi divinizado.

Embora a versão “canônica” a faça ter sido engolida pelo pai como seus outros irmãos, algumas lendas divergentes a consideravam salva pela mãe, como seu irmão Zeus. Na Arcádia diziam que tinha sido criada pelo herói Têmeno. Em Argos diziam que suas amas tinham sido as três ninfas filhas do deus-rio Astérion. Outras histórias a fazem ter sido criada e protegida pelo casal Oceano e Tétis

Dentre as inúmeras lendas a seu respeito, poderíamos destacar uma, por ser proveniente de Argos, possivelmente a cidade mais fiel a ela. Um princesa argiva, Io, despertou o amor de Zeus. Para enganar sua ciumenta esposa, Zeus transformou a bela Io numa vaca branca. Hera então exigiu que a vaca lhe fosse ofertada, e confiou-a à guarda do gigante Argos. Argos possuía cem olhos, e enquanto cinquenta vigiavam, cinquenta dormiam. Hermes adormeceu o guardião, decapitou-o e libertou Io. Hera, como recompensa a seu fiel servo, colocou seus cem olhos na cauda do pavão. Sua associação a tal ave demonstra claramente uma influência tardia, visto que os pavões só existem na Índia, que só passou a ser conhecida durante as conquistas de Alexandre, no século IV a.C.
Arte: Fred Carvalho (1999)

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